Dia 1 -
Estudo sobre o tema
Dia 2 -
Definição do tópico e do outline:
- Tópicos centrais:
Relação filogenética de Aves e Répteis ao longo da história.
Outline:
Processo de descrição taxonômica inicial (Possivelmente Lineano);
Primeiras inferências de parentesco entre os grupos;
Questões atreladas à religiosidade científica e o parentesco entre os grupos;
Evidências fósseis de organismos intermediários;
Aves e Répteis pós-darwinismo;
Aves e Répteis na biologia molecular;
Morfologia x genética na relação filogenética do grupo;
Status taxonômico dos grupos atualmente.
Tree-thinking e a religiosidade no contexto da evolução dos primatas
Outline:
Descrição inicial das espécies com base em morfologia;
Pensamento darwinista evolutivo e de parentesco;
Estabelecimento da relação filogenética entre humanos e demais primatas;
Processo evolutivo dos primatas;
Questões religiosas e o impacto no processo de compreensão da relação filogenética;
Interpretações errôneas das árvores filogenéticas (macacos viraram pessoas - evolução linear);
Atualidades e o Tree-thinking dos humanos/primatas.
Dia 2:
Definição do tema ->
Sugestão do prof: Interpretações errôneas das árvores filogenéticas (macacos viraram pessoas - evolução linear);
Tema criado a partir disso -> A visão social da evolução humana: linearidade e a Marcha do Progresso.
Outline:
Informação que quero trazer na conclusão: A correta interpretação de uma árvore filogenética auxilia na compreensão das relações de *parentesco* entre os grupos. Bem como no entendimento dos conceitos de ancestral e descendente.
Para chegar à isso devo falar sobre:
Qual a relação entre religião e aceitação da evolução?
Por que existe essa relação?
O que é uma árvore filogenética?
O que é um ancestral e um descendente?
Como as árvores filogenéticas nos mostram isso (Exemplificado com figura)?
Falar sobre como é a visão linear do processo evolutivo humano (Exemplificado com figura)?
Explicar as evidências morfológicas que norteiam os pensamentos e conclusões sobre o parentesco entre os primatas (Exemplificado com figura).
Explicar as evidências moleculares que norteiam os pensamentos e conclusões sobre o parentesco entre os primatas.
Concluir a correta relação de parentesco entre os humanos e demais primatas.
Dia 3 - Editando e recebendo sugestões do grupo na versão preliminar
Dia 4 - Versão final
A visão social da evolução humana: linearidade e a marcha do progresso
Existe um problema na interpretação de árvores filogenéticas e processos evolutivos por parte de grande parcela da sociedade. Este problema acontece até mesmo entre professores de ciências, como demonstrado em um estudo realizado por Santos et al. (2019). Nele, tanto professores dessa área quanto de outras interpretaram a figura da marcha do progresso (Figura 1) como "A evolução do homem". O que consolida uma ideia de linearidade, reconhecidamente errada, do processo evolutivo. Este mesmo estudo também identificou que parte dos participantes interpretavam uma árvore filogenética de maneira também linear, como uma representação do processo de um organismo simples se tornando mais complexo. Portanto, Santos et al. (2019) demonstraram que, na prática, não há uma correta interpretação de árvores filogenéticas e processos evolutivos por parte do senso comum.

Figura 1: Marcha do progresso. Essa ilustração retrara um processo de evolução linear socialmente difundido como "e evolução do homem". Onde o Homo sapiens lidera a marcha à frente de outros primatas considerados pelo senso comum como "menos desenvolvidos". Fonte: Santos et al., 2011.
Para compreender um processo evolutivo, é necessário ter conhecimento de que uma árvore filogenética pode ser definida como a representação das relações evolutivas entre um conjunto de organismos (Baum e Offner, 2008). Essa forma de representação possui três componentes principais: nós, ramos e terminais. O nós são os pontos de divergência entre dois ramos, os ramos são linhas divergentes oriundas de um mesmo nó, e os terminais representam os organismos, no fim de cada ramo (Figura 2). Uma árvore filogenética é construída através de comparações entre os organismos, usando para isto, por exemplo, dados morfológicos ou moleculares. O primeiro deles analisa a morfologia de forma comparativa entre os organismos, já o segundo se baseia na similaridade contida no material genético para realizar essas comparações.
Portanto, em um sentido evolutivo, os nós das árvores filogenéticas representam ancestrais hipotéticos em comum, e os ramos representam as linhagens descendentes daquele ancestral. Sendo assim, as relações filogenéticas são representações das relações de parentesco entre os organismos (Baum, 2008). Tais relações podem ser interpretadas como consequência de processos e caminhos evolutivos distintos entre as linhagens. Dessa forma, a correta interpretação de uma árvore filogenética possibilita um melhor vislumbre da evolução de um grupo, facilitando sua compreensão.

Figura 2: Exemplo de árvore filogenética genérica. Representação das relações evolutivas entre os terminais A, B, C, D e E. x e y representam respectivamente os nós (ancestrais comuns hipotéticos) dos grupos formados por A+B e C+D+E. As linhas derivadas dos nós representam os ramos (linhagens descendentes do ancestral comum hipotético). Fonte: Baum, 2008.
Observando a árvore filogenética de alguns hominídeos e outros primatas (Figura 3), a compreensão de suas histórias evolutivas se torna mais clara, afastando o conceito de linearidade da "marcha do progresso". É possível identificar mais facilmente o que são nós, ramos e terminais. Portanto, a figura demonstra uma árvore filogenética com 6 nós, cada um representado por um círculo e um numeral. Nos terminais encontram-se 7 diferentes gêneros de primatas utilizados na análise. Os nomes acima dos ramos representam as diferentes linhagens.

Figura 3: Árvore filogenética dos primatas utilizando os principais clados antropóides. Nós são representados com círculos e números respectivos; os terminais representam gêneros de primatas; as figuras ao lado do nome dos gêneros são representações visuais dos táxons. Fonte: Schrago e Voloch, 2013.
Pode-se observar que o nó 6 representa o ancestral comum hipotético entre as linhagens Platyrrhini e Catarrhini, dessa forma esses dois grupos descendem desse mesmo ancestral comum. O nó 5, por sua vez, representa o ancestral comum hipotético entre Cercopithecoidea e os Hominoidea. O nó 4 é o ancestral comum hipotético entre a linhagem dos hominídeos (Hominidae) e a linhagem do gênero Nomascus (gibões). Dentro da linhagem Hominidae pode-se observar que há uma divergência (nó 3) entre as duas principais linhagens: a do gênero Pongo (orangotangos) e a que reúne os humanos, gorilas e chimpanzés. O nó 2 representa o ancestral comum hipotético entre a linhagem dos gorilas e a dos humanos e chimpanzés. Por fim, o nó 1 representa o ancestral comum hipotético entre a linhagem dos humanos e a dos chimpanzés. Demonstrando que esses organismos não deram origem uns aos outros, mas sim, que descendem de um mesmo ancestral comum. E, embora possam ser táxons diferentes, ainda possuem alguma forma de parentesco.
Essa maneira de interpretar uma árvore filogenética se aplica à todas as outras. Podemos observar na Figura 4 uma árvore evidenciando as relações filogenéticas de alguns Hominidae extintos + Homo sapiens. Observando as relações entre os táxons mostrados na figura é evidente que, ao contrário do que ilustrado na "marcha do progresso" (Figura 1), não existe um processo linear onde espécies consideradas erroneamente pelo senso comum como "menos desenvolvidas" deram origem aos humanos, que estariam no ápice desse processo. A interpretação correta desse processo evolutivo é que todas as espécies ilustradas na Figura 1 são organismos (terminais na filogenia da Figura 4) que possuem relações de parentesco por descenderem de um mesmo ancestral comum hipotético.

Figura 4: Árvore filogenética dos hominídeos. Pontos nos ramos representam os terminais; ilustrações representam os táxons terminais; escala numérica abaixo da árvore representa o tempo (em milhões de anos). Fonte: Parins-Fukuchi et al., 2019.
Portanto, ao entender as relações filogenéticas do homem com os demais primatas, é possível compreender que há um equívoco na interpretação desse processo por parte do censo comum. Bem como é possível mensurar a grande importância da interpretação correta de uma árvore filogenética. Todavia, como apresentado por Carvalho e Clément (2007), o processo evolutivo do homem é regularmente apresentado nas escolas de forma linear e ilustrado pela "marcha do progresso". Isto certamente impacta significativamente no processo de aprendizado dos estudantes, pois muitos absorvem a ideia da linearidade como explicação do processo evolutivo do qual fazemos parte (Bulla e Meglhioratti, 2016). Ao analisar a literatura aprovada pelo Programa Nacional do Livro Didático-2012 (PNLD-2012), Paesi e Araújo (2014) identificaram que muitos apresentavam a ideia antropocêntrica do processo evolutivo humano, como se as outras espécies estivessem evoluindo para se tornarem humanas. Dessa maneira, ocorre uma perpetuação e reforço do processo de aprendizado da evolução humana de forma linear. Para que essa perpetuação não ocorra, deve-se abolir metodologias de ensino que promovam o ensinamento da evolução de forma linear. Ao invés disso, deve-se aumentar o uso de árvores filogenéticas nesse processo educacional. Com essa abordagem, as relações de parentesco ente organismos podem ser visualmente demonstradas para os alunos, auxiliando assim a explicar o processo evolutivo de maneira correta.
Referências:
Baum, D. (2008). Reading a phylogenetic tree: the meaning of monophyletic groups. Nature Education, 1(1), 190.
Baum, D. A., & Offner, S. (2008). Phylogenics & tree-thinking. The American Biology Teacher, 70(4), 222-229.
Bulla, M. E., & Meglhioratti, F. A. (2016). Controvérsias científicas na construção do conhecimento biológico: investigando um curso de formação continuada de professores referente à evolução biológica humana. Investigações em Ensino de Ciências, 21(2), 01-29.
Carvalho, G. S. D., & Clément, P. (2007). Projecto “Educação em biologia, educação para a saúde e educação ambiental para uma melhor cidadania”: análise de manuais escolares e concepções de professores de 19 países (europeus, africanos e do próximo oriente). Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 7 (2).
Paesi, R. A. (2018). Evolução humana nos livros didáticos de Biologia: o antropocentrismo em questão. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, 17(1), 143-166.
Parins-Fukuchi, C., Greiner, E., MacLatchy, L. M., & Fisher, D. C. (2019). Phylogeny, ancestors, and anagenesis in the hominin fossil record. Paleobiology, 45(2), 378-393.
Santos, P. D. S., Pugliese, A., & Santos, C. M. D. (2019). A iconografia linear da evolução na perspectiva de docentes que atuam na educação básica. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte), 21.
Schrago, C. G., & Voloch, C. M. (2013). The precision of the hominid timescale estimated by relaxed clock methods. Journal of evolutionary biology, 26(4), 746-755.
Autoavaliação
A disciplina foi muito incrementadora para os meus conhecimentos na área. Tendo em vista que irei trabalhar com a reconstrução filogenética do complexo Amazona aestiva/Amazona ochrocephala na minha dissertação, irei utilizar muitos conceitos aprendidos no decorrer do curso. Mas, acredito que o principal ganho que tive durante as aulas foi a desconstrução de interpretações incorretas que eu mantinha desde a graduação. Certamente pude obter novas perspectivas com as aulas, discussões e leituras. Pude aproveitar a disciplina ao máximo e evoluir bastante no processo de interpretação e realização da escrita científica. Foi de fato muito enriquecedor e pude vivenciar isso na sua completude. Por isso, sugiro nota 1 nesse quesito.